PARADELA, uma aldeia que pertence ao concelho de Valpaços, é pequena e tem ao longo do tempo sido desertificada pelos filhos que nela nasceram, rumo a outros locais com outras oportunidades para as suas vidas. Com o tempo mais uma aldeia ao abandono.
Vamos honrar a nossa Padroeira com mais uma festa?
Nem que seja só a procissão… Há algum Paradelense disponível?
A festa é de todos!!!!
Festa na Aldeia
O mês de Agosto é o mês de todos os meses, pelas fronteiras os nossos emigrantes trazem a saudade na sua bagagem. Saudade da sua terra, saudade da família dos amigos que há muito não vêm, saudade das festas que algumas aldeias mais abastadas de gente e alguns euros lá vão teimosamente e por carolice dando alguma alegria ao povo.
Percorrem milhares de km para voltarem à terra que os viu nascer, na chegada os beijos a sua velha mãezinha e os abraços ao seu velho paizinho o primeiro olhar nos rostos castigados pelo tempo e tristes pela saudade prestam sempre que podem a sua homenagem aos ente queridos que já partiram, depois é percorrer as ruas da sua infância e olhar a sua volta e reviver a juventude perdida por vezes de forma prematura.
Cheira o perfume da floresta enchendo o peito de ar puro. Com olhos fixos e pensativos repara nalguns cultivos, vê correr a água cristalina do chafariz do largo, ouve o som do gado, o bater dos seus cascos no empedrado da sua aldeia e o chilrear dos passarinhos nas árvores de fruta.
Aqueles que fizeram casa, olham a casa dos seus sonhos, erguer-se pintadinha com as cores da esperança, um belo jardim fronteiro, uma fonte e um leão uma águia ou um dragão com o mundo a seus pés, mesmo ali no portão, contrastando com as construções antigas de pedra sobre pedra, com uma lareira a um canto onde ali, no pote, se coziam as batatas com casca, os chicharros ou os nabos e como sabia tão bem aquele cheirinho. A carne no fumeiro, os chouriços, os presuntos pendurados na trave da velha casa o pipo na adega com a frescura de um ar condicionado, os mosquitos em volta da torneira…
Já não há cheiros como os da nossa infância.
Trazem pertences como que a justificar porque deixaram a sua aldeia, Deus sabe quantas canseiras, quantos sacrifícios, quantas horas de trabalho, mas ali está ele para justificar o abandono da sua terra que o viu nascer, aqui Ele sabe que os dias são mais longos, o dinheiro mais curto e os sonhos mais longínquos.
Quantos deram o salto com ou sem mala de cartão para terras tão diferentes e distantes, com culturas e costumes a qual tiveram de se adaptar. Hoje, nesses países, deixam a sua descendência. Os filhos que só vêm à terra dos seus pais porque eles insistem em traze-los para verem a terra da sua infância. Um dia ficam por lá pois esta terra já não é a sua e alguns Pais acabam também por lá morrer.
Raro é o ano em que os nossos emigrantes não regressam a sua terra, pelo menos enquanto os seus “velhos viverem” ou tenham na ideia o regresso definitivo. A sua aldeia está sempre pronta para os receberem. No mês de Agosto as festas abundam, Paradela e o seu povo recebem de braços abertos os filhos pródigos, assim, nada melhor que dar por um dia que seja animação a Aldeia, ali no largo, perto do chafariz, tudo fica engalanado, a música puxa para dar um pé de dança e é vê-los bailar a música que o povo gosta.
A procissão tem o seu momento alto, os santos de braços abertos pedem aos céus que no próximo ano estes filhos da terra voltem de novo e de novo volte a haver... Festa na Aldeia.
ajreis